quinta-feira, fevereiro 22, 2007

AMOR UNILATERAL (Versão II)

Caro Amigo

Ela passa aqui, do meu lado.
e eu penso em lhe falar,qualquer coisa assim,trivial.Tento tomar coragem,tento me convencer que não vai doer...Olho para os seios dela,tão perfeitos e brancos, que perco todo meu controle.
Olho para ela aqui, todo dia, com a mão espalmada dando apoio á cabeça, não me canso de olhar.
Ela sabe do meu sentimento, impossível não saber!Mas ela não me diz nada... O que eu temo nem é que o sentimento seja unilateral, mas que ela não me de nenhuma resposta!A indiferença está me matando... Ninguém neste mundo pode amá-la como eu a amo, pois é amor demais para que exista outro.
Caro amigo, estas palavras patéticas não estão lhe adicionando nada, eu sei (Tudo isso você já sabe),mas meus pensamentos misturam-se com os vapores do álcool de qualquer destilado que agora esteja na minha taça.eu bebo,eu fumo,eu me acabo nestas ruas sujas,nestes antros de perdição.Escrevo esta carta em um guardanapo,molhado,das lágrimas que derramo...Eu sou um tolo,sim eu sou!
Escuto passos nas ruas, neste domingo... Só passos, nem os pássaros cantam, nem o vento sopra...
Ah, se ela soubesse... Mas me falta coragem...
Logo a formatura irá chegar, e provavelmente eu nunca mais á veja... Talvez seja melhor deste jeito, eu não quero pagar a amizade dela com silencio, mas quero me afastar... Preciso me afastar... Eu sei é uma decisão meio radical, mas, vai ser assim... Entre viver uma amizade falsa e um amor unilateral, eu escolho a solidão dos Não-Amados...
Pois é isso...
Caro amigo, dedico esta carta á você, que é o único a quem confidencio meus mais Tristes sentimentos... Veremos-nos em breve, mas ao me ver, não se assuste com minha aparência acabada,nem me deseje sorte...me deseje Coragem para olhá-la mais uma vez,depois que a melancolia e a embriagues deixe meus olhos e o meu coração.
(Gabriel Gomes Ferrão)


(Esta carta não é uma carta de ficção,eu compus e mandei realmente á um amigo...
Foi escrita no dia 14 de setembro de 2005...Eu só adicionei um título.)

sábado, fevereiro 03, 2007

"O guerreiro cego e os 300 poetas das campinas"

Cenário:

"na meia-luz que precede a alvorada, em campos verdes, agora coalhados de pedaços de armas e armaduras"

Um Homem...
Caminha pelos mortos, muito deles seus amigos e alguns parentes. Em uma assembléia macabra os corvos gralhavam, encima das árvores, falavam sobre um banquete!
O homem tinha nas mãos, sua azagaia e um talismã de âmbar. Andava Trôpego, ferido fatalmente pendendo entre a vida e a morte...

Ao passar pelos corvos, escuta um deles gralhar:
-Vede!Este não demora, já estará caminhando cego, surdo e mudo pelos campos de Hades!E aqui, nós comeremos a sua carne!
Os corvos riam em um coro sombrio!
O Homem vira para os corvos e diz:
-pois eu, não darei esse gosto á vós, sobreviverei, pois, Apolo estás comigo!
Outro corvo:
-AH! Vês o Rei Sol aqui?Agora?Ele está do teu lado?Está nesta peça de âmbar?Está no teu escudo, ou em teu traseiro açoitado!
Mais uma vez os corvos gargalharam... Um corvo Cizudo e grande saiu do meio da algazarra e disse:
-Deixe-me contar, guerreiro: os deuses não existem!Á muito são os corvos que dominam essas campinas!Quando vocês Helenos lutam entre si, são os corvos os vencedores, e nossos troféus são teus olhos e tua carne dura!

O homem perguntou a si mesmo:
"ora! porque escuto estes corvos?” exausto, caiu por terra, e lá esperou que Thanatos o levasse logo para o lado de seus irmãos de armas.

Chegando às margens do Estige,o próprio senhor Hades foi ao seu encontro.o homem fez uma reverencia longa e penosa,pois, ainda sentia o peso de seus ferimentos.

-Sabes por que vim? Perguntou Hades.
-Vim, pois, lhe darei uma chance de voltar... Você foi o guerreiro mais corajoso e honrado do campo de batalha, e o que meu coração de Deus mais ama nos filhos de Prometeu, é sua coagem e senso de honra!Mas antes, quero que você escolha daqui uma coisa para levar de volta para a terra
O homem olhou em volta e viu todas as alegrias do mundo, então o homem fez sua decisão:
"Dá-me a arte de contar histórias"...

Ao acordar no mundo dos vivos, os corvos já aviam lhe comido os olhos!
Como não podia desobedecer Hades,continuou vivendo...sabia de todos os contos e histórias,passou a vida viajando pela Hélade e levando educação aos Gregos e outros povos...

os corvos,criaturas descrentes e tristonhas,desde aquele dia sempre o acompanharam...Seu nome passou a ser Homero,e os corvos que os acompanhavam ficaram conhecidos como Poetas"

(Gabriel Gomes Ferrão)