sábado, maio 31, 2008

Um lago...Uma Virgem...

Título:
Um lago...Uma virgem...

Cenário:
A virgem bela se debruça nas margens do lago
E o lago,com sua voz serena e ancestral lhe confessa:

"Quando desesperada joga teus lábios
como gotas de chuva,e outros os recolhem...
Morre em mim uma parte tua...
Morre em ti uma parte minha....

Quando sedenta,busca em lugares desertos
as velas e os mastros "Do que é perfeito",lá estou eu
Sempre na tua retaguarda...
Obelisco,criatura protetora.
Sombra...
Confessa-me os teus pecados!

Quando triste,culpa tua tristeza pelo fato de não ter compainha,
Lá estou eu,estático,há milênios,vendo tua façe branca...

Quando me confidencia teus amores pagãos,
Revolto-me,encrespo-me...

Quando diz estar com sede,e quase me culpa por ela,
Meu banzo se faz tão profundo quanto eu sou...

Menina - digo - Olhai o lago,enxerga nele uma possibilidade...

E quando o cheiro doce da tua boca de virgem desce até o lamaçal
das minhas nascentes,e de lá não ousas nada...
Sussurro súplicas,repetidas vezes,como ondas que morrem na arrebentação:

- Mata...Mata a tua sede em mim..."

(Gabriel Gomes Ferrão)


"Baseado em histórias que nos contam na cama,antes da gente dormir"

sábado, maio 24, 2008

A Procura do Ordinário

"(...)Não te rias de mim,meu anjo lindo!
Por ti as noites eu velei chorando
Por ti nos sonhos,morrerei sorrindo"

(Álvares de Azevedo)

*

A Procura do Ordinário

Pensei em escrever uns versos
Que falassem de coisas vagas
Não falassem de universos
De amores,solidões e plagas!

Procurei palavras a esmo
Procurei inspiração na rua
Mas sou um apaixonado mesmo!
E da calçada,só enxerguei a lua!

Pensei em descrever a vida
Sem muito ter o que fantasiar
Mas foi dura a minha lida!
Pois de minh'alma não saía o mar!

Procurei escrever um poema
Para uma amiga que vive no sul
Mas só conseguia enxergar a morena
Que amarra o cabelo com um xale azul

Procurei,procurei e pensei
E fiquei cançado de pensar
E no fim,entreguei-me a lei
Dos poetas que é sonhar e amar!

E no sonho que desatinei!
Nesta pérfida e injusta lei!
Não sobrou nem trova,nem canção...

E exausto de tanto delirar!
De palavras xulas procurar!
Deixei falar mais alto o coração...

(Gabriel Gomes Ferrão)