quarta-feira, dezembro 26, 2007

Justifico inconsequências

Agarro-me a esperança que me resta
Tal qual uma tábua de salvação
O navio afundou em plena festa
Deixando de tocar nossa canção

Agarro-me ao som da tua boca!
Estalado,estridende,um som distante
Saber que fui o primeiro,é coisa pouca
Na utopia de querer ser [outra vez] teu amante!

E é nessa utopia que eu vivo!
Humano sem esperança,é só carne replicante
Agora eu queimo a vida,em um fogo ardente,errante
Homem agora eu sou[só],e na vereda sigo

(Assim eu queimo a vida)

Mas se não me falhar a memória e se deveras tiver sorte,
Citarei a fraze notória que um velho poeta dizia:
Mas vale queimar a vida num fogo intenso e bem forte
Do que viver uma vida pífia requentada em Banho-Maria!

A alma, é do fogo a centelha mais nobre!
O fogo, é o espírito que queima em euforia!
Justifico inconsequênscias,com este poema pobre
Escrito na febre desta Utopia amarga e fria...

(Gabriel Gomes Ferrão)

sábado, dezembro 08, 2007

(ODE VAGA E DESCONSTRUIDA PARA UMA FOTOGRAFIA)

E EU...
LÁ...

ESPERANDO ALGO ACONTECER...
VENDO...PERDIDO...OS OLHOS VAGANDO...
OS PENSAMENTOS FLUINDO...
O SOL QUEIMANDO...
AS ONDAS QUEBRANDO...
E A TARDE INDO...INDO...INDO...
ATÉ QUE FOI...
MAS EU,MESMO AQUI EM CASA,AINDA ESTOU LÁ...
E "LÁ" MESMO LÁ,AINDA ESTÁ EM MIM...
CONFESSO QUE,DEPOIS DE "LÁ",TORNEI-ME UM HOMEM MELHOR...
TODOS PERCEBEM...TODOS DIZEM...
FOI POR VAGAR OS OLHOS PERDIDOS NAS ONDAS?
FOI POR ACEITAR A INSUSTENTÁVEL LEVEZA DESSE MOMENTO?
OU FOI POR SIMPLES DESEJO DE MUDAR?
NÃO SEI...DIGO,AMIGOS,NÃO SEI...
SÓ SEI QUE É LÁ QUE ESTOU AGORA...E AGORA "LÁ" ESTÁ EM MIM,MORRENDO E NASCENDO
TAL COMO UM DIONÍSIO LOUCO
QUE ME EMBREAGA COM SUAS VISÕES...
COM SUAS ONDAS DE TURQUESA..
SUA ESPUMA LEVE...
SUA BRISA MORNA E TÁCITA...
SUAS PEDRAS,TRONOS DE OUTRORA...
O MAR...SÃO HORIZONTES..PEDRAS POR ENTRE AS PEDRAS...ONDAS POR DE TRÁS DAS ONDAS...
E NO LONGE...O NADA..SÓ MEUS OLHOS...
QUE RETORNAM PARA MIM,TRAZENDO CONSIGO AS VISÕES DO ALÉM-MAR...
TAL COMO ONDAS...
TAL COMO VENTOS...TAL COMO LÁ...QUE AGORA ESTÁ EM MIM...
GRAVADO NO MEU ESPÍRITO...
RELUZINDO E OFUSCANDO,TAL COMO O SOL DERRADEIRO...
TAL COMO A LUA CHEIA...
TAL COMO A MARÉ...
FORTE COMO QUEM CHORA DE MEDO...

LÁ ESTOU...LÁ SEMPRE ESTAREI...
PORQUE LÁ AGORA ESTÁ EM MIM,COMO UMA IMPRENSÃO DIGITAL
UM REMOTO CONTROLE MENTAL...
COMO HORAS QUE ANDAM DEVAGAR...
COMO DIAS QUE PASSAM MUDOS...
ASSIM É,HOJE EM DIA...
MEUS OLHOS VAGAM...PERDIDOS...VENDO...
NUMA FOTO BONITA,O MAR
E EU...
LÁ...


(GABRIEL GOMES FERRÃO)

quarta-feira, dezembro 05, 2007

Saber que sou humano é triste (De um Amigo)

Saber que sou humano é triste
É saber que sou sujo
Saber que sou um aborto molecular
Sou um conjunto maquinário que apodrecerá um dia

Alma não é de certo que todos têm
Apenas certos iluminados
Os poucos tocados pelo dom divino
O raro dom do amor aos reles homens

Homens são esses seres que povoam a Terceira
Que suja a face da mãe que pisam
São os filhos da Terra Mãe

Como ser vivo tendo para o bem ou mal
Como homem não distingo bem do mal
É fato que sou mal
(Felipe da Silva Costa)

sábado, novembro 03, 2007

Idílico Devaneio...(A Bacante)


Passou por aqui

A bela Bacante

Com ela veio a chuva

Veio nua...

Uma tempestade de verão

Veio o trovão

A Erupção


Veio com ela,Dionísio?

-Venho em Verbo e Poesia...

Porque o trouxe,Bacante?

-Pois é o pai da alegria...


A Bacante veio em Ira!

Trazendo o mundo inteiro

Trocou o doce som da lira

Pelo ribombar do pandeiro...


Passe aqui também,bela Bacante!

Vem me trazer poesia!

Vem pintar o céu,como pinta os lábios teus

Vem Bacante,e traga vinho!

Trago o vinho

Embreago-me bela Bacante

Nos teus olhos,baluardes

Da própria beleza


Faz de mim Dionísio

Rei do teu templo

Senhor do teu corpo

Me compõe uma poesia

Me canta em versos teus

Me ama em teus cantos


Bacante nua que dança...

Que dança!

Lança,lira de Apolo...

Canto do Deus

Canto de quarto

Canta um quarto de poesia

Para finalmente,bela Bacante...

Iluminar todo meu triste dia.

(Gabriel Gomes Ferrão)
A Bacante é a simbologia que achei para descrever a alma da mulher...
Livre!
Simples assim.

segunda-feira, outubro 29, 2007

Pôr-do-Sol Improvisado



Eu quis cantar para o sol
Que não queria se por
Atrás do morro,em prol
Da gente do Arpoador
Já não podiam esperar
E eu só queria saber
Se ele morre no mar
Eu pagaria pra ver
Seria muito feliz
Vendo nas ondas cair
De toda luz,a matriz
Vendo a menina sorrir

mas eu ainda não sei o por que...
De amar tanto o mar assim...
Será memória antiga ou o que?
Será que todos são iguais a mim?

Mas na verdade é o sol que se vai
Vai carregando a minha outra metade
Improvisando um pôr-de-sol,ela vai
Triste nuvem de tempestade

Nas pedras eu ancorei
Toda a minha poesia
Com metáforas decorei
Todo o morrer do dia
Mas não falei das tristezas
E nem pretendo falar
Só falarei das belezas
Do sol,do céu e do mar
O mar segura o sol
Que não queria se por
Atrás do morro em prol
Da gente do Arpoador

(Gabriel Gomes Ferrão)

quinta-feira, outubro 11, 2007

Poema antigo (Questões em Voga)

Seria assim?
Como uma força oculta?Como a chuva, que teima em derramar-se?
Como os olhos que não cansam de se olhar?
Seria esta total falta de tonalidades das nuvens?
Seria uma espécie de fim?Poderia existir outra espécie de fim?
Assim como uma contramão natural,Como um perdão?
Seria natural como a morte,mas sem pranto
Seria natural como a vida,mas nem tanto.
Seria um fim sem ter fim
Seria assim...para você e para mim...
Mas de que falo?
Seria de um amor?
De uma amizade?
Ou de uma simples e triste saudade?
Seria de mim?
De qualquer tipo de fim?
Vai ver que é assim que se sente Deus.
Vai ver é assim que se sentem os seus filhos
A eterna dúvida do fim...A eterna dívida do homem,para com ele mesmo.
E mais uma vez pensamos em tudo que sentimos
E percebemos que todos os fins são iguais:
Sempre justificam os meios...
(Gabriel Gomes Ferrão)

terça-feira, setembro 25, 2007

A fantástica lenda improvisada

Quando no início tudo era sombra
O globo era uma casca vazia
A noite dominava,sem estrelas
Sem lua...
Nem homem,nem animal,nem árvore viviam em paz
Nas entranhas escuras do mundo
Nas grutas profundas
Viva descançamdo,o escuro primal!
O caos primeiro
A noite que dissolve tudo!
Que se irradiava para fora e para todos os lados!
O firmamento chorava
Estava triste com essa condição...
Pois foi aí que,como num sonho bom,ele surgiu no horizonte!
A estrela invícta!O sol dos dias!A vitória envolta em fogo e luz!
Com seu Ceifo prateado,cintilando com uma fúria causticante!
A estrela invícta,com sua luz divina,rechaçou as trevas abomináveis
Para o fundo das grutas mais inferiores da terra!
E tudo foi luz,daí em diante...
Porém a estrela bailarina,o grande sol,se cansou e deitou para dormir Durante um tempo...
Foi a deixa para que a treva primeira invadisse o mundo denovo
E tudo ter transformado em noite uma vez mais!
Quando no outro dia o sol nasceu,ele novamente expulsou as trevas para As profundezas...
E assim foi por muitas e muitas Eras...
Até que um dia o sol,cançado de guerrear,reagiu de maneira diferente...
Uniu toda as suas forças e fez assim nascer a fantástica "Armada Sideral",milhões de guerreiros com elmos e escudos cintilantes que Desceram na terra(e até as grutas inferiores)Para dar combate às Abominações da noite...
Por fim a noite foi controlada!
A estrela invícta então pendurou seu ceifo no céu noturno,e a Armada Sideral também,para que os inimigos do mundo tenham a consciencia Que a estrela Dorme
Mas a vigilancia nunca cessa!


história contada em uma praia á noite
Totalmente improvisada! Contei a história aqui da mesma maneira que contei no dia,a 3 anos atrás...

quinta-feira, setembro 13, 2007

O homem que optou por ser Louco (A realidade - Um circo triste).

Agora que encontrei
Trago a minha cabeça na tigela.
Estou dentro da lei
Mas é a lei que não está dentro dela
Eu quis voar,
Você prendeu meus pés aqui no chão
Quer coroar-me rei,mas sou bufão
Me dá os lábios,mas eu quero a mão...

Me faz de arlequim
E quer que eu dançe ao som da tua valsa
Quem sabe eu sou assim...
Sou dançarino da sonata falsa...
Eu vivi
A coroar os sonhos com jasmim
agora os sonhos não estão em mim
Foram tragados pelo tempo em fim...

Me diz que é normal
Ser o palhaço deste circo triste
E nesse bacanal, minha entrada nunca que existe...
Eu sonhei
Com uma vida boa de viver
Agora vem você me convecer
De que eu fiz de tudo por merecer...

Mas na frente do mar
A vida parece ficar aberta
Andar no calçadão,faz a gente
ser assim,"poeta"

É assim...
Minhas emoções sempre estão além
Num fardo roto,que só cabe a mim
E este não divido com ninguém.

Vou sem me preocupar
Essa canção foi feita para loucos
Pra se indentificar
A todos que tem os seus fardos rotos
Eu me fiz
De puro aço,pra me derreter
Nas coxas brancas de seu puro ser
E na loucura tentar ser feliz...

(Gabriel F.)

"No frenesi da insanidade,enxerguei toda incoerência dos lúcidos"

terça-feira, setembro 04, 2007

Metafísica do Vermelho

Sedado no seu cheiro
Mergulhado no mar dos seus lábios...Um mar vermelho.
Corpos se tocam e estremecem
Seu ventre na minha boca
Seu orgulho na minha mão...
Minha alma na sua.
Jeito de menina...Minha menina
Vivo No instante,eu vivo no verbo "ser"na essência de ser...
Vivo,nesta noite,em você...Numa guerra louca,
num mar de travesseiros.
Num eclípse vermelho,na meia luz dum quarto
Numa luz arcana que sai de dentro de você
Seu olhar trôpego,quase caindo dos olhos
E tudo para
E tudo deixa de existir
E só sobra esta estranha visão carmesim.
E a física irônica de dois corpos,ocupando o mesmo espaço.

(Gabriel G. Ferrão)

segunda-feira, junho 04, 2007

O aço da Alabarda

-Por que está tão diferente?
Pergunta a brasa e a terracota...
O aço endureceu com as pancadas do pai celeste
A frágua é quente demais para aqueles que não querem se transformar
Se antes era quente e maleável
Hoje é duro e frio...
Como o aço da alabarda que tanto estima
Trincado pela sua ultima escaramuça
Escaramuça esta que trava com você mesmo...
Larga a alabarda!Ó soldado de aço frio!
Luta pela vida que ainda sustenta no peito!
Luta pela tua frágua, teu romance inacabado
Luta por ti mesmo, não por uma nação arruinada
Luta pela tua liberdade, a liberdade pura e simples
Não a liberdade das ideologias onde o homem é mais preso
Do que numa ditadura.
Se for pra lutar, luta pela tua dama de terracota!
Larga a alabarda,não se isole da dor...desarma-te
E vem viver!


Nota: não procurem entender o que foi escrito, pois, é uma coisa muito pessoal. E só quem irá entender será aquele para quem o poema foi dedicado.

(Gabriel Gomes Ferrão)



Nota²: Este poema é o segundo de uma série de 3.

terça-feira, maio 22, 2007

A moça feita de barro-cozido

A moça feita de barro-cozido
Abriga o aço e a brasa em seu peito
Assim como o aço, a brasa também ama sua frágua
Ela é frágua, é frágil e humilde
Ama o aço e a brasa igualmente
Ama o forjador, seu pai celeste
Ama o soldado e o poeta
Que juntos tem o prazer de admirar
A adstringência seca, de sua boca de terracota.
A paciência triste de sua vida solitária
Que nunca amou, mas anseia por amar
Que nunca viveu, mas anseia pro viver
Que sempre sorri, mas anseia por chorar.
Assim como o soldado e o poeta
Feitos de aço e brasa, respectivamente
Ela vive em admirar as coisas
Que nunca teve, mas não pode lutar pra tê-las
Porque é oca e frágil,assim como eu.
Pois é feita de barro... Oh pobre donzela!
Pois é feita de barro, aço e brasa...

Nota: não procurem entender o que foi escrito, pois, é uma coisa muito pessoal. E só quem irá entender será aquela para quem o poema foi dedicado.

(Gabriel Gomes Ferrão)


Nota²: Este poema é o primeiro de uma série de 3.

sábado, abril 21, 2007

Confesso...

A garota da praia era bonita mesmo, igual ao mar...
Ou melhor, bonita igual ao sol...
Deu adeus de noite pra poder se deitar,
E de dia reapareceu (com um sorriso bonito) aqui no farol...

A garota da praia tinha os olhos da cor do coral...
Mas coral é pouco pra descrever o seu olhar!
Tinha a mesma firmeza de uma ilha do atol
Que vaga distante, perdida nas ondas castanhas do mar...

A garota da praia tinha os cabelos queimados do sol
Que sacudiam com os beijos rápidos do sudoeste...
Que bailavam, regidos por um alaúde espanhol
Que se sacudiam como o vento sacode o Cipestre...

A garota da praia tinha um corpo esculpido por um Deus!
Serafins e sílfides moldaram sua cintura e seios, com mantos...
Efesto forjou a mais bela face que sua mente concebeu!
E Era selou sua alma com amor, bondade e acalanto...

A garota da praia olhou pra mim por quase um segundo!
Sorriu, e voltou sua face pro mar com naturalidade.
Senti um pesar, por estar preso na minha "mortalidade"...
Mas mesmo assim, senti toda alegria do mundo!

A garota da praia, talvez nem seja tão perfeita assim...
Talvez nem exista!Talvez seja um truque dos Anjos!
Pra que um menino sem sonho, tenha um sonho em fim!
E com ele sonhe por todas as noites, por todos os anos...

A menina da praia se foi no final do Verão...
Levou seus olhos perdidos na vastidão castanha do mar...
Levou de um menino, seu medo de sorrir e seu ódio de amar...
E levou do menino, uma parte importante de seu coração...

(Gabriel Gomes Ferrão)

sexta-feira, abril 13, 2007

Elogio a loucura - Erasmo de Roterdan

"Pretendeis misturar o fogo com a água, pois a Loucura e a Prudência não são menos opostas que esses dois elementos contrários. — Não obstante sentir-me-ei lisonjeada por vos convencer disso, desde que continueis a prestar-me vossa gentil atenção.Se a prudência consiste no uso comedido das coisas, eu desejaria saber qual dos dois merece mais ser honrado com o título de prudente: o sábio que, parte por modéstia, parte por medo, nada realiza, ou o louco, que nem o pudor (pois não o conhece) nem o perigo (porquenão o vê) podem demover de qualquer empreendimento.O sábio absorve-se no estudo dos autores antigos; mas, que proveito tira ele dessa constante leitura? Raros conceitos espirituosos, alguns pensamentos requintados, algumas simples puerilidades — eis todo o fruto de sua fadiga. O louco, ao contrário, tomando a iniciativa de tudo, arrostando todos os perigos, parece-me alcançar a verdadeira prudência. "

sábado, março 03, 2007

O último verso de Tábata

Na sacada, via-se a chuva
Precipitar-se como um ósculo frenético, de uma meretriz do cais do porto.
Caindo pela cidade estranhamente cândida e taciturna.
Nem mesmo a brandura estranha a fez desviar o olhar... Olhava o mar, as nuvens, as coisas como estavam e como deveriam para sempre estar... Naquela afabilidade lúgubre.
Olhava a orla e o calçadão, olhava as pessoas, trôpegas e agitadas, procurando um bom lugar para se esconder da torrente que caia do céu.
O vento acariciava suas têmporas e penteava seus cabelos... O sudoeste, seu amante momentâneo.
Ficou de pé, na sacada. A dor já não era tão possante, os olhos já não eram carmesins.
Abriu os braços,como se quisesse que o sudoeste a suspendesse nos ares,jogou a face para trás, como se quisesse ver o céu... Como uma marionete que cai das mãos do dono, largou o sustentáculo assim como um suicida abre mão da vida...
Sentiu o vento correr forte em seus ouvidos, e lhe cantar uma melodia súbita.
Sentiu a vida ser-lhe arrancada, com um golpe frio e um som oco...
Sentiu uma leveza, um comichão forte, um gozo inexplicável...
Olhou pra traz e viu que só tinha 16 anos, e que seus olhos ainda tinham a cor carmesim, e que a dor agora era mais possante do que nunca...

“Os últimos versos nunca foram escritos
Foram deixados em uma cômoda ao lado da cama
Eram lindos, os versos de Tábata
Falavam de uma tristeza sufocante
De uma melancolia aterradora
A vida já era um inferno tão frio
De perdas e danos irreparáveis
De fins que nunca se justificavam
De atrocidades que nunca eram reprimidas
De um mundo que não tinha conserto
De uma esperança falsa que havia morrido
Os versos de Tábata eram lindos e verdadeiros
Tristes como toda verdade dita em um dia chuvoso”


Gabriel Gomes Ferrão

quinta-feira, fevereiro 22, 2007

AMOR UNILATERAL (Versão II)

Caro Amigo

Ela passa aqui, do meu lado.
e eu penso em lhe falar,qualquer coisa assim,trivial.Tento tomar coragem,tento me convencer que não vai doer...Olho para os seios dela,tão perfeitos e brancos, que perco todo meu controle.
Olho para ela aqui, todo dia, com a mão espalmada dando apoio á cabeça, não me canso de olhar.
Ela sabe do meu sentimento, impossível não saber!Mas ela não me diz nada... O que eu temo nem é que o sentimento seja unilateral, mas que ela não me de nenhuma resposta!A indiferença está me matando... Ninguém neste mundo pode amá-la como eu a amo, pois é amor demais para que exista outro.
Caro amigo, estas palavras patéticas não estão lhe adicionando nada, eu sei (Tudo isso você já sabe),mas meus pensamentos misturam-se com os vapores do álcool de qualquer destilado que agora esteja na minha taça.eu bebo,eu fumo,eu me acabo nestas ruas sujas,nestes antros de perdição.Escrevo esta carta em um guardanapo,molhado,das lágrimas que derramo...Eu sou um tolo,sim eu sou!
Escuto passos nas ruas, neste domingo... Só passos, nem os pássaros cantam, nem o vento sopra...
Ah, se ela soubesse... Mas me falta coragem...
Logo a formatura irá chegar, e provavelmente eu nunca mais á veja... Talvez seja melhor deste jeito, eu não quero pagar a amizade dela com silencio, mas quero me afastar... Preciso me afastar... Eu sei é uma decisão meio radical, mas, vai ser assim... Entre viver uma amizade falsa e um amor unilateral, eu escolho a solidão dos Não-Amados...
Pois é isso...
Caro amigo, dedico esta carta á você, que é o único a quem confidencio meus mais Tristes sentimentos... Veremos-nos em breve, mas ao me ver, não se assuste com minha aparência acabada,nem me deseje sorte...me deseje Coragem para olhá-la mais uma vez,depois que a melancolia e a embriagues deixe meus olhos e o meu coração.
(Gabriel Gomes Ferrão)


(Esta carta não é uma carta de ficção,eu compus e mandei realmente á um amigo...
Foi escrita no dia 14 de setembro de 2005...Eu só adicionei um título.)

sábado, fevereiro 03, 2007

"O guerreiro cego e os 300 poetas das campinas"

Cenário:

"na meia-luz que precede a alvorada, em campos verdes, agora coalhados de pedaços de armas e armaduras"

Um Homem...
Caminha pelos mortos, muito deles seus amigos e alguns parentes. Em uma assembléia macabra os corvos gralhavam, encima das árvores, falavam sobre um banquete!
O homem tinha nas mãos, sua azagaia e um talismã de âmbar. Andava Trôpego, ferido fatalmente pendendo entre a vida e a morte...

Ao passar pelos corvos, escuta um deles gralhar:
-Vede!Este não demora, já estará caminhando cego, surdo e mudo pelos campos de Hades!E aqui, nós comeremos a sua carne!
Os corvos riam em um coro sombrio!
O Homem vira para os corvos e diz:
-pois eu, não darei esse gosto á vós, sobreviverei, pois, Apolo estás comigo!
Outro corvo:
-AH! Vês o Rei Sol aqui?Agora?Ele está do teu lado?Está nesta peça de âmbar?Está no teu escudo, ou em teu traseiro açoitado!
Mais uma vez os corvos gargalharam... Um corvo Cizudo e grande saiu do meio da algazarra e disse:
-Deixe-me contar, guerreiro: os deuses não existem!Á muito são os corvos que dominam essas campinas!Quando vocês Helenos lutam entre si, são os corvos os vencedores, e nossos troféus são teus olhos e tua carne dura!

O homem perguntou a si mesmo:
"ora! porque escuto estes corvos?” exausto, caiu por terra, e lá esperou que Thanatos o levasse logo para o lado de seus irmãos de armas.

Chegando às margens do Estige,o próprio senhor Hades foi ao seu encontro.o homem fez uma reverencia longa e penosa,pois, ainda sentia o peso de seus ferimentos.

-Sabes por que vim? Perguntou Hades.
-Vim, pois, lhe darei uma chance de voltar... Você foi o guerreiro mais corajoso e honrado do campo de batalha, e o que meu coração de Deus mais ama nos filhos de Prometeu, é sua coagem e senso de honra!Mas antes, quero que você escolha daqui uma coisa para levar de volta para a terra
O homem olhou em volta e viu todas as alegrias do mundo, então o homem fez sua decisão:
"Dá-me a arte de contar histórias"...

Ao acordar no mundo dos vivos, os corvos já aviam lhe comido os olhos!
Como não podia desobedecer Hades,continuou vivendo...sabia de todos os contos e histórias,passou a vida viajando pela Hélade e levando educação aos Gregos e outros povos...

os corvos,criaturas descrentes e tristonhas,desde aquele dia sempre o acompanharam...Seu nome passou a ser Homero,e os corvos que os acompanhavam ficaram conhecidos como Poetas"

(Gabriel Gomes Ferrão)

domingo, janeiro 21, 2007

Uma Carta "O motivo de Rafael"( Escrita de Monte Castelo,Itália 2° Guerra Mundial)

"Aquela Flor, no seu cabelo
Uma moldura tão injusta...
Nem uma flor é tão bela e vermelha, quanto a sua boca
Nenhuma manhã é tão radiante quanto o seu sorriso
Sua gargalhada é uma das poucas coisas que me faz rir...
Sua face alva é uma das poucas coisas que me encorajam á viver...
Você é meu motivo! Todo o meu motivo...
Os rapazes viram sua foto, aquela da flor. aquela que guardo no capacete... Eles me disseram que eu dei muita sorte, uma mulher tão linda, com um homem tão feio. Eu ri um bocado... Mas na verdade, foi a coisa mais coerente que ouvi dês de quando cheguei nesse inferno gelado dos Alpes... Tem alguns Italianos na nossa retaguarda, e eu já vi morte demais... Eu vi meninos virando homens... Eu vi homens virando meninos...

Mas a guerra é só um detalhe pra mim, quando vejo teu retrato. O mundo é só um detalhe perto dos teus olhos, tão negros, tão firmes e determinados, olhos que choraram quando embarquei olhos que choram com novelas de rádio, com filmes Ianques, olhos que chorariam como todos os outros, se não fossem teus.

Bom, é hora de partir, o sargento está gritando como de costume.

Lembre-se: você é TODO O MEU MOTIVO

Abraços e Beijos

Rafael.”



Aquela Medalha, na estante
Uma moldura tão injusta
Nem uma medalha é tão valorosa
Quanto à vida de um homem
Que morreu sem ter motivo
Que lutou, sem ter motivo...

Mas viveu por um motivo... Um motivo chamado Beatriz.

(Gabriel Gomes Ferrão)