sábado, dezembro 23, 2006

Em alguma tarde,um louco me contou:

Era uma dessas tardes em que o mar incendeia-se com o naufrágio do Sol sob as nuvens...

"Sentado no banco de uma praça, eu seguia o esvaecer de mais um dia nas bordas do Atlântico, em um lugar onde as praias são brancas como não se vê hoje em dia!
Apesar da árdua busca por uma orla dita "perfeita” por algum louco, valeu a pena ter andado tanto até chegar naquele lugar...

A busca foi cansativa e desgastante de tal modo que meus pés ardiam em brasa, mesmo sentado!
Sentado naquele banco, hipnotizado pela dança magnífica que a grande estrela bailarina (o sol) fazia como um ritual, à tarde me entorpeceu como o Saara entorpece o beduíno, como a droga entorpece o usuário...
No torpor dancei com sílfides, brinquei com serafins, joguei-me nas ondas bravias de um azul-turquesa sem igual!
acordei
E deparei-me com a solidão
A solidão que descia dos céus junto com a noite
E lembrei que meus amigos estavam ali e que me dariam assistência sempre que pedisse, seja por tristeza,seja por solidão, eles sempre estariam ali... Mas mesmo assim ainda estava sozinho...
E agora sei que o destino de um peregrino louco que sou, é simplesmente a solidão... A solidão dos não-amados!

Pois me levantei, pus meus pés na estrada, e continuei a caminhar, um caminhar monótono e cadente, um caminhar tétrico e taciturno.

Não aceito o destino, por isso caminho!
Não aceito o mundo como é, por isso não paro!
Sempre procurarei as praias prometidas, sempre procurarei as damas loiras nos palácios de mármore e ouro branco, sempre enfrentarei os moinhos de vento.
E lutarei em todos os infernos possíveis para finalmente encontrar uma Beatriz
Como fazem todos os Dantes!Como fazem todos os loucos!
Eu sou um louco!
Pois não paro de caminhar, não paro de sentar em bancos de praças, em orlas perfeitas para ver o sol dançar e atear fogo nas ondas até se cansar e dar lugar á lua...
E eu um dia, dançarei como o sol! E conquistarei o sétimo céu, serei amante das deusas, serei o líder das Potestades!
Mesmo que seja em só mais um devaneio...

Mas e a solidão? Você me pergunta...
Eu não sei... Respondo...
A esqueci no mar..."

(Gabriel Gomes Ferrão)

Um comentário:

Unknown disse...

Moleque!!

MAgnânin
me!!!

Perfeito!!

Mais um no clima das praias!!

Muiito bem escrito e pensado!!

MAndou bem pra caralho!!